Bem, essa historinha que vou contar é muito significativa para mim e para a cidade de São José dos Campos. Aconteceu nos Jogos Abertos de Barretos em 2004. Uma semifinal eletrizante entre os times de São José e Santos que além de estar em disputa a ida de São José à final do basquete feminino, também valia o vice na pontuação geral para a cidade.
Pra variar, o técnico que tentaria esse inédito titulo seria eu e estava na minha responsabilidade e da minha equipe conseguir essa vitoria.
Mas como?
Parecia impossível, nossa equipe era inferior a de Santos. Nunca conseguimos ganhar de Santos, nem em jogos abertos e nem em campeonatos da federação, mas jogo é jogo e tudo pode acontecer, não é verdade?
Começou a luta com um ginásio lotado, torcida dividida, parecia até que a delegação inteira de ambas as cidades estavam lá. Clima tenso e nós perdendo desde o começo, ficando entre 10 e 20 pontos de diferença.
Como mudar esse quadro?
Em determinado momento, a torcida de São José estava calada, a cúpula da secretaria bem desanimada começava a deixar as dependências do ginásio, afinal Santos estava na frente do placar com 13 pontos de vantagem e faltava apenas 1 minuto para encerrar o jogo.
Tudo perdido? Não!
Por incrível que possa parecer, aconteceu o impossível, coisas que só o basquete pode proporcionar. A técnica de Santos pede uma substituição, a jogadora vai até a mesa de controle e espera. Neste momento a bola sai e eu peço um tempo, até aqui tudo bem, tudo normal. Nem o mais otimista do mundo acreditaria numa virada, pois é, aconteceu.
Quando Santos retornou para a quadra, com posse de bola, a menina da substituição entrou, mas a que deveria sair, não saiu. O time santista estava em quadra com 6 atletas, reparei no erro e entrei na quadra atrás do árbitro para alertá-lo do fato.
Imediatamente o jogo foi interrompido e apontada uma falta técnica, com isso ganhamos 2 lances livres e mais a posse de bola. A bola entrou e em seguida conseguimos mais uma cesta de 3. Com esses 5 pontos convertidos num único ataque, diminuindo a diferença para 8 pontos, Santos saiu desesperado para o jogo, talvez ali suas jogadoras perceberam que algo poderia acontecer.
No próximo ataque do time da baixada, uma catástrofe em cena com a pivô perdendo a bola na bobera e nós num contra ataque fulminante marcamos mais uma cesta de 3. Faltando 35 segundos e com a diferença de 5, nosso adversário resolve gastar o tempo e não é que recuperamos a bola e mais uma cesta de 3 caiu para levantar a torcida.
Sem contar que na tentativa de impedir nosso arremesso, foi cometida uma falta, tínhamos então 3 lances livres. A bola caiu nos três e a diferença chegou aos 2 pontos. Santos para segurar aquela vitória precisaria de muitas forças, a pressão era enorme da torcida e com 7 segundos para o fim, o time arremessou, arriscou e perdeu.
Na recuperação da bola fomos ao ataque e minha armadora no canto da quadra arremessou, deu aro, no mesmo lance ela se projetou ao garrafão e conseguiu o rebote, arremessou novamente, a bola rodopiou e entrou, isso faltando 1 segundo para o final.
Conseguimos empatar e fomos para a prorrogação e nela nos seus 5 minutos mostramos nossa garra e vencemos o jogo por 5 pontos de diferença. Esse é um dos grandes jogos que nunca mais esquecerei na vida, tão pouco todos os envolvidos nesta batalha.
Coisas inexplicáveis podem acontecer, por isso que temos sempre que acreditar, nunca desistir. Nunca abaixem a cabeça, a persistência e a vontade juntas, conseguem tudo.
Texto : Edson o Mago
Redação: Jornal Desportivo
perfeito
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