Torcedor montou estúdio de tatuagem especializado em símbolos do clube. Usando o próprio corpo como vitrine, é referência para corintianos como o tatuador da Fiel
Alexandre Helios Barrios Mota, o Helinho, revela em tatuagens por todo corpo sua grande paixão – o Corinthians. Amor que virou profissão: “meu próprio marketing sou eu mesmo. Faço umas tatuagens em mim, em lugares que ninguém é capaz de fazer. É onde chama atenção e as pessoas me procuram”, conta Helinho. O torcedor montou um estúdio de tatuagem na capital paulista especializado em símbolos do clube.
Helinho tem o símbolo do Corinthians Paulista tatuado na testa, desenhos por todo pescoço e ainda o brasão do clube estampado no topo da cabeça. Todas as suas tatuagens são relacionadas ao time. A primeira foi feita por uma promessa a São Jorge, padroeiro do clube. Se o Corinthians fosse campeão brasileiro de 1998, ele tatuaria o santo no corpo. O campeonato veio e a promessa foi cumprida. “Como foi uma tatuagem cara, eu pensei: é fácil, vou ganhar dinheiro com isso também, vou recuperar esse dinheiro do São Jorge”, revela o tatuador.
Desde a infância Helinho era acostumado a desenhar o símbolo do time nos cadernos da escola. Hoje, aos 36 anos, é conhecido por ser especializado em fazer tatuagens do Corinthians, desde o escudo do clube até o gavião que representa a principal torcida organizada do time. “Antes da tatuagem eu trabalhei em contabilidade durante dez anos. Larguei da noite para o dia para virar tatuador”, conta Helinho.
Lágrimas no meio da batucada da Fiel
“Eu tenho dez anos de Gaviões da Fiel. Vou a praticamente todos os jogos do Corinthians, mesmo fora de casa”, orgulha-se Helinho. O torcedor afirma não ter perdido nenhum jogo do time desde 2011, até partidas no exterior, de preferência viajando de ônibus com outros companheiros de torcida.
A grande motivação do trabalho de Helinho é o próprio clube. “Tudo o que eu ganho de dinheiro com o Corinthians eu gasto com o Corinthians”, afirma. Para conseguir assistir aos jogos do Mundial de Clubes no Japão, em 2012, abriu uma segunda empresa, desta vez de brindes personalizados do Timão. E seguiu com o filho mais velho, Cauã, então com 10 anos, para se juntarem no Japão ao “Bando de Loucos” – como é conhecida a torcida do clube – pelo sonho de ver o time campeão mundial.
“É emocionante você estar do outro lado do mundo. E não foi fácil chegar lá. Foi a mesma coisa de ir no Pacaembu, porque a gente invadiu. Parecia que eu estava em casa, foi muito bom, melhor ainda foi ver o gol do Guerreiro em cima do Chelsea, que foi aí onde nós finalizamos o campeonato”, comemora Helinho.
Mas para o corintiano a vitória contra o time inglês não é a mais emocionante de sua vida. A emoção do jogo que garantiu a volta do alvinegro para a Série A do Brasileirão, contra o Ceará, em 2008, foi mais forte. “Desde quando nasceu, o Cauã vai aos jogos comigo. Ele já estava começando a entender um pouco. Falou ‘pai, pai, é muita emoção, eu vou chorar’, e começou a chorar”, relembra Helinho. “Ele estava de cavalinho no meu ombro, no meio da batucada da bateria da Gaviões, aí foi muita emoção pra mim”, completa.
“Minha vida é o Corinthians”
Quando o jogo é em São Paulo, na Arena Corinthians, o pequeno Cauã faz questão de acompanhar o pai. Helinho confessa temer que o filho se torne tão fanático quanto ele. Na adolescência, quando morava com o pai no interior paulista, em Lorena, fugiu de casa duas vezes para assistir a jogos do time. Até decidir ir para a capital morar com o avô, na casa em que vive até hoje, em frente ao Parque São Jorge. “Eu não queria morar com meu pai, queria morar perto do Corinthians. Foi onde perderam o controle sobre mim. Ficava na rua, comecei a pedir dinheiro pra ir pra jogo”, conta o torcedor.
“Minha vida é o Corinthians”, diz o paulista, e revela um desejo curioso. Da mesma forma que Sócrates, um dos ídolos do clube, que teria dito querer morrer num domingo, com o Corinthians campeão – e morreu justamente quando o Timão se consagrava campeão brasileiro, num domingo, em 4 de dezembro de 2011 – Helinho não hesita: quer morrer na torcida. “O Sócrates profetizou isso e aconteceu. Então eu vou sempre profetizar isso: quero ganhar do meu vô que foi com 86 anos, e morrer com 87. Quero estar lá cantando no meio da bateria da Fiel e bum!, o coração para e já era”.
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